terça-feira, 22 de novembro de 2011

Traga sua própria erva

E então você não me fala e simplesmente vai embora.
E eu fiquei que nem uma babaca sem entender nada.

E então você volta e diz que me ama.
E eu fiquei que nem uma babaca sem entender nada.

E então você não me devolve os meus livros.
E eu meio que acabei com a sua vida.

Seu babaca.



sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Olhe de novo

Eu só queria poder fechar os olhos e sentir que está tudo bem.
Saber que eu não precisaria fingir por mais nenhum dia.
Saber que não é errado falar as coisas que eu falo, nem sentir as coisas que eu sinto.

Como eu queria parar de fingir que eu me importo, que eu não quero que você vá.

E parar de fingir que está tudo certo, ou que está tudo errado. Parar de fingir que eu gosto disso, que eu não quero ir, que eu concordo com você.

E um dia você vai descobrir. E então? O que você vai fazer?

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Update:
É engraçado como eu estava transbordando ontem quando resolvi escrever. Queria expressar meus pensamentos de alguém, sem saber direito quem seria esse alguém.
Agora pouco eu descobri quem era.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

No fucking title

Eu não sei o que separa a insistência do 'não tem mais jeito'. Acho que eu estou simplesmente fucking cansada de tentar adivinhar quando é que fucking precisam de mim. Eu não sou um fucking superhero afinal de contas.

Eu só vou seguir em frente e esperar que eu não esteja fazendo nenhuma fucking shit.

Espero que você consiga se virar sozinha.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Prince Charming

Ela decidiu ir quando acordou. Para que planos? Levantou, tomou banho, colocou na bolsa um casaco e um guarda chuva e, no bolso, seu mp3. Resolveu levar o celular também, pois não queria ninguém morrendo de preocupação com ela.

Um ônibus até a rodoviária, uma passagem para São Paulo por favor, ida e volta? Suspiro, sim.

O ônibus sairia em quarenta minutos, então ela foi passar o tempo numa livraria que tinha ali. Como sempre, foi procurar pela Agatha.
O cara da loja apontou a prateleira correta.

3 metros, um cara, e então poderia gastar seu tempo passando por vários livros.
Foi andando em direção à prateleira, ainda sem saber como pedir licença.
Estava se aproximando e ainda não sabia o que ia fazer em seguida. No pânico, se escondeu na seção de culinária. Em meio de tortas que nunca conseguiria fazer, ela esperou até o cara ir embora.

Não teve como não reparar em como ele era bonito quando ele se foi.
E estava levando Assassinato no Expresso Oriente, legal, um dos favoritos dela.

Meia hora depois ela saiu da livraria, sem nada. Afinal, ler qualquer coisa em um ônibus a deixava enjoada.

Já estava sentada em seu lugar no ônibus, olhando pela janela, pensando se seria muito clichê se alguém interessante sentasse ao seu lado quando alguém sentou.

Não preciso dizer que ela ficou totalmente vermelha quando percebeu que esse alguém era o cara da livraria.

Com licença, então ele sentou, pegou o livro e começou a ler.

Nossa, como o fone de ouvido dele estava alto! Ei.. eu conheço essa música. Então ela sorriu e voltou a olhar pela janela, dando play no próprio mp3

Talvez essa viagem realmente seja interessante =D

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Camuflada

"Não existe ingrediente secreto"

Meu cabelo é comum, castanho. Iguais aos cabelos de bilhões de pessoas por aí.
Meus olhos também, castanhos. Possuem a mesma cor que outros bilhões de olhos espalhados por aí.

Não é como se eu fosse especial, ou importante, ou interessante.

Existe por aí infinitas pessoas melhores que eu. E três vezes mais que isso de pessoas iguais a mim.

Eu e o resto vestimos as mesmas roupas, falamos a mesma língua, pensamos as mesma coisas, temos os mesmo sonhos, sofremos as mesmas dores, gargalhamos pelas mesmas piadas.

Todos nascemos e vamos morrer um dia. Igual a todos os outros.

Quando, nessa vidinha camuflada, você olhou para mim?

Por que você reparou em mim?

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

No País dos Espíritos

Por mais que eu andasse, não tinha nada para se ver. Me lembrou um pouco o Bosque Entre Mundos, onde nada acontecia, onde se quase podia ouvir o barulho das árvores crescendo e só. Mais nada.

Não se via nada por ali, só as árvores. Nem pássaros ou esquilos ou formigas.

"Por que esse lugar é tão vazio?"

Foi quando algo aconteceu. Na verdade, Algo apareceu. Não tinha rosto nem forma, tinha somente a voz que disse:

"Só porque você não pode vê-los não significa que eles não existam."

Parando para refletir, eu olhei em volta e vi quantas pessoas tinham ali. Vi suas casas, suas vilas e cidades.

Depois de explorar esse lugar fantástico eu acordei.

Espero voltar para lá qualquer dia.

(se tiver alguém do lado de fora esperando por mim)

domingo, 9 de janeiro de 2011

Novas Fotos

Fiquei um tempo procurando o papel onde escrevi o endereço que precisava. Achei no fundo daquele bolso da mochila, mas já estava todo amassado.
Deu pra conferir a rua e o número da casa, estava no lugar certo.

Antes de tocar a campainha, lembrei de nossa despedida.
Dois anos se passaram desde então, mas não consegui cumprir a promessa que tinha te feito.

Não consegui esquecer você nem por um segundo.

Toquei a campainha e sua mãe atendeu. Eu sabia que você não morava mais aqui, mas não resisti a esticar o pescoço para te procurar pela casa.

Eu sempre perdia a hora conversando com sua mãe. Você sempre ficava com ciúmes, lembra? Falava que eu não te dava atenção quando ela estava por perto, que eu era sua namorada antes de ser amiguinha dela.

Eu não pude esconder um sorriso nostálgico e sua mãe percebeu. Ela me olhou com aquele olhar triste que damos quando vemos uma grande amiga sofrendo.

Já estávamos terminando nosso café quando a campainha tocou mais uma vez.

Eu realmente não esperava que você fosse aparecer assim, tão de repente.
Eu não esperava te ver.

Foi como tomar um soco no estômago.
Na verdade, foi muito pior que isso.
Não sei se você sentiu o mesmo quando me viu. Pela sua cara parecia.

Sua mãe inventou uma desculpa de ir ao mercado e nos deixou sozinhos.

Eu realmente não sabia o que falar, então arrisquei um "como vai?"

"Indo", você respondeu.

Mais um momento de silêncio. Eu estava prestes a enlouquecer.

"Você sabe que eu precisava ir! Era uma boa oportunidade para a minha vida, para meu emprego!"

"Eu sei disso. Não te culpo de nada."

Você abriu um sorriso.

Eu me senti muito mais aliviada.

"Eu não consegui esquecer você. Eu te disse que precisava parar de gostar de você, mas eu não consegui! Eu ainda... eu te..."

Eu não consegui me segurar, eu precisava te falar isso. Desculpa.

"Desculpa."

Oi? O que você disse?

"Desculpa, mas eu consegui cumprir nossa promessa."

Então eu olhei em volta e reparei em algo que não tinha reparado antes.
Todas aquelas molduras em que eu vivia, todas aquelas fotos espalhadas pela casa, não era mais meu rosto que estava sorrindo. No meu lugar agora tinha uma garota bonita de longos cabelos negros.

É. Você conseguiu cumprir sua promessa.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Portas

Eles abriram suas portas ao mesmo tempo. E encontraram algo que eles não esperavam do outro lado.

Em vez de estar olhando para seu quarto, a porta dela se abria para lateral de um longo corredor. Tão longo que a escuridão escondia sua origem e seu fim.

Bem a sua frente, uma outra porta estava aberta. Ele estava parado ali, provavelmente fazendo a mesma cara de interrogação que ela.

Ele quebrou o silêncio.

"O que você acha?"

Ela olhou para trás. Sua casa estava escura e só se podia ouvir os roncos das pessoas que moravam ali.

Ela voltou a olhar para o corredor, também estava escuro, mas era uma escuridão diferente, opressiva, silenciosa. Ela sentiu um pouco de medo.

"Está muito escuro."

"Eu tenho uma lanterna aqui."

"Então vamos"

Ela atravessou a porta e a estava fechando quando algum estalo em sua mente a fez parar. Não era sensato fechar aquela porta. Olhou para trás e viu que ele tinha deixado a dele entreaberta.

Ele percebeu que ela estava hesitando com a mão presa à maçaneta.

"Para o caso de você querer voltar..."

"Eu não sei se eu quero voltar."

"Mas e se você quiser?"

"Tem razão."

Ela se afastou da porta e sua mão, antes segurando a maçaneta, encontrou a mão dele.

Com a lanterna iluminando alguns metros a frente, eles começaram a andar.