quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Noise from silence


http://shel-yang.deviantart.com/


Quando você olha para tudo como se tudo fosse um borrão.
Nada é importante o bastante.
Nada te faz sorrir como antes.
Nada te faz chorar como antes, sonhar como antes.

Seu coração está oco.
Você está vazia.

A porta a sua frente está fechada.
Mas atrás dela tem o vazio.
Não tem nada.



E onde não há nada,
existe a possibilidade de tudo.








abra a porta.



-

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Afternoon tea in a summer day


http://shel-yang.deviantart.com/

Relaxe.
Apenas respire fundo.
Não pense mais em nada.
Pense somente em como a brisa está agradável.
O dia está brilhando.
As nuvens parecem algodão-doce.
Sua barriga está cheia.

Você só precisa pensar em como a brisa está agradável.







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sábado, 21 de novembro de 2009

Times Like This

Você simplesmente anda por aí, escolhendo um caminho aleatório.
Observando vagamente a paisagem e as pessoas a sua volta.

Quando você quer, você pára e dá atenção a alguém ou alguma coisa.
Que você pega e guarda em seu bolso.
E continua andando.

Você está mais preocupado com o lugar em que quer chegar do que com a dor que a dor que você sente. Do que a dor que te fazem sentir.

Você não sabe exatamente como é esse lugar.
Se é melhor ou pior do que o lugar em que você está agora.
Mas sabe que é um lugar diferente e isso já basta.

Quando você chega lá, você esvazia os bolsos e reúne tudo aquilo na mesa em que você se senta.
Você não quer se desfazer de tudo aquilo,
mas sabe que se partir para o próximo lugar com os bolsos cheios,
você vai ficar pesado, não vai andar direito.
E não vai poder guardar coisas novas.

Você fica triste em deixar parte de si para trás.
Na caixinha de lembranças.
Se sente mal, chora.
E isso te impede de dar alguns passos por um tempo.
Mas você sabe, que todos precisam fazer isso.
Senão eles não saem do lugar.

Pausa para um momento de epifania.
Um momento de iluminação.
Você levanta, determinado.
Pega todas aquelas coisas e pessoas
e coloca em outra bolsa.
Uma chamada Coração.

Transforma tudo aquilo em sentimento.
Ufa, bem mais leve.

___

Eu comecei esse post com uma coisa em mente,
mas quando terminou, ficou totalmente diferente do que eu queria.
Tentarei de novo.

___

Você simplesmente anda por aí, escolhendo um caminho aleatório.
Observando vagamente a paisagem e as pessoas a sua volta.

Quando você quer, você pára e dá atenção a alguém ou alguma coisa.
Que você pega e guarda em seu bolso.
E continua andando.

Você está mais preocupado com o lugar em que quer chegar do que com a dor que a dor que você sente. Do que a dor que te fazem sentir.

Você não sabe exatamente como é esse lugar.
Se é melhor ou pior do que o lugar em que você está agora.
Mas sabe que é um lugar diferente e isso já basta.

"Everything's just gone to Hell
So I guess that I might as well
Feel the way I want to feel."

Você tem o total controle de sua mente.
O total controle de seus sentimentos.
Isso com certeza é uma arma poderosa.

Você se interessa por aquilo que você quer.
Você se apaixona por aquilo que você quer.
Mas você sabe o que você quer?

Você não sabe.
Só segue em frente.
Se desculpa para os que não puderam te acompanhar.
E continua seguindo em frente.

"Times like this wooo oooo oooo
When you're on your own, on your own.
Times like this"

Você está agindo de um modo letárgico.
Sua vida precisa de ação.
Sua vida precisa de algo.
Precisa de emoção.
Seus sentimentos e pensamentos não são suficientes.

Você precisa dos sentimentos e pensamentos de outras pessoas.

E você só percebe isso quando está sozinho.

Tudo que você precisa é de um pouco de diversão.

"Times like this wooo ooo ooo
You need your Rock and Roll, your Rock and Roll
Times like this wooo ooo ooo
Times Like this!

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Vinhos e Martini - parte 2

Lu não aguentava mais aquele cheiro. Flores! Estava ficando sufocada. Mesmo sabendo que não era muito educado, estava jogando algumas fora.

“Eu não gosto de rosas, porra! Quantas vezes eu não disse a ele que margaridas eram minhas preferidas? Rosas são muito... enjoativas”

Então ela lembrou de Carol e de como ela e Alex se comportavam quando estavam juntos. Segurando a vontade de vomitar com essa cena na cabeça, jogou fora todas as rosas restantes. Como alguém podia agüentar tanta viadagem mela-cueca? Tanta água-com-açúcar? Amorzinho pra cá, Bebezinho para lá... se alguém se atrevesse a falar assim com ela, ela defenestraria essa pessoa, e sim, Luciana morava no 9º andar.

“É por isso que ele corre atrás de mim desse jeito? Para simplesmente fugir desse mundinho cor-de-rosa por uma noite ou duas?”

Ficou surpresa quando esse pensamento não lhe trouxe nenhuma raiva, mágoa ou lágrimas. No inicio, era só pensar na situação em que tinha se metido que desabava em prantos.

Já se passavam oito meses desde que começou a ter esse caso com Alex. Lembrando de tudo o que passaram juntos, Luciana caiu na certeza que sempre a assombrava. A certeza de que um não era completamente do outro, e de que nunca seriam, já que Alex já pertencia à outra pessoa. E isso era muito injusto.

Luciana se pegou olhando para a única pétala de rosa que havia sobrado do mar de flores que Alex havia lhe mandado. Porque era ela que sempre tinha ficado sozinha nas festas, ia sozinha ao cinema, ia sozinha pagar as contas no banco. Porque o cara que amava não estava lá com ela, e ela própria não se dava a oportunidade de estar com outro.

Não que ela não tivesse tentado estar com outros, mas a mínima possibilidade de estar com Alex já fazia Luciana chutar a bunda de quem estivesse ao seu lado.
Sabendo que isso era uma tremenda filha-da-putice, ela se deixava estar sozinha. E tinha se acostumado com isso.

Deixando a pétala de rosa em cima da mesa, pegou a carta que tinha recebido naquela manhã.

Então Luciana percebeu o quanto ela era idiota.



Luciana até que estava curtindo a festa. As pessoas com quem tinham se enturmado eram fantásticas. E ainda tinha aquele cara que não parava de prestar atenção nela, praticamente engolindo todas as coisas que ela falava. Era um puta gato. Não ficava falando besteiras para impressionar ninguém e era super bem-humorado. Alem de todo aquele charme de “não vou beber porque estou de carro”. Luciana descobriu que por acaso estudaram no mesmo colégio no ensino médio, sendo que ele era uns dois anos mais velho, e que ele agora dava aulas de matemática lá. Ele se chamava Miguel.

Luciana estava tão feliz e distraída que não percebeu o puxão e que agora estava de frente para Carol.

- Não bastou roubar meu namorado e precisava vir aqui pra jogar isso na minha cara?

- Na verdade, quem veio aqui, foi você. A festa é da minha irmã.

- Então você assume o que você fez, não é, sua vaca?!

Alex tinha aparecido e tentava puxar Carol para longe.

- Olha o barraco, Carol, vamos conversar sobre isso lá fora...

- Eu quero falar aqui mesmo! Gritar pra todo mundo ouvir o quanto essa vaca aqui na minha frente é uma vadia!

Luciana ficou chocada ao perceber que Carol tinha descoberto tudo, mas pareceu esconder seu choque muito bem. Percebendo que Lu não ia se pronunciar, a raiva de Carol aumentou e deu-lhe um tapa. Alex a segurou logo depois, impedindo a garota de continuar.

- Uma piranha! É isso que você é! Ladra de Namorados! Fura-olho! Vaca! Vadia! ME SOLTA ALEX! Eu vou acabar com ela. E depois acabar com você! Assim como você acabou comigo!!

Então Carol começou a chorar. Perdeu as forças e cairia no chão, se Alex não a estivesse segurando.

- Por que, Alex? Por que você fez isso comigo? – disse Carol entre soluços e olhando para ele com as bochechas encharcadas de lágrimas.

Luciana se ajoelhou e olhou nos olhos de Carol, que revidou o olhar com toda a raiva e desprezo que conseguira reunir em seu mar de tristeza.

- Você tem razão, eu sou tudo isso aí de que você me chamou. Você está certa.

Percebendo a confusão de Carol, Luciana levantou e foi embora da festa.

- Luciana!

Ela virou e viu que Alex a tinha seguido até a rua.

- Luciana... eu terminei com a Carol.

- É, eu percebi. – Luciana virou e continuou andando, fazendo um sinal pro táxi, que passou direto. Ela xingou sem rodeios a mãe do motorista.

- Luciana, me desculpe por...

- Olha Alex, não é a mim que você deve desculpas, é a ela. – apontou para o apartamento em que se podia ouvir a música tocando. – ela tem todo o direito de ter feito o que fez. Nós é que não tivemos o direito de ter feito o que fizemos.

- Mas Lu...

- O que? – Luciana já estava de saco cheio daquilo e o tapa que tinha levado estava realmente doendo.

- Luciana, eu te amo!

- Eu também te amo, Alex.

- Então por que tudo dá sempre errado? Por que não podemos ser felizes juntos?

- Por que, quando um de nós está amando perdidamente o outro, o outro está amando perdidamente a si próprio. Você já teve o seu momento egoísta, Alex. E agora eu estou prestes a ter o meu. Recebi a confirmação da bolsa que ganhei para fazer meu mestrado no Canadá. Estarei me mudando no fim do mês.

Seguiu-se um silêncio. Luciana percebeu a ficha de Alex caindo lentamente, enquanto ele arregalava os olhos e processava tudo que estava e ia acontecer.

- C-Canadá? Fim do mês? Você vai ficar quanto tempo lá?!

- 4 anos.

- 4 anos?! Luciana... isso é muito tempo! Você não pode fazer isso! Não pode me deixar!

- Eu posso sim, Alex. E vou. Nós dois precisamos desse tempo pra aprender o que realmente importa, para que possamos ficar juntos novamente.

- o que?! O que está dizendo, Luciana?!

- ... Não sei direito, eu li num livro uma vez e então sempre quis falar isso.

- Luciana! Isso é sério!

Luciana sorriu e então fez sinal para outro táxi, que também não parou. O que estava acontecendo? Por que não conseguia sair dali o mais depressa possível? Por que não aparecia ninguém para ajudar? Olhando para o prédio em que estava acontecendo a festa, viu que alguém tinha atendido ao seu pedido.

Alex percebeu a dificuldade de Luciana em conseguir arranjar um táxi.

- Você quer que eu te leve? Estou de moto.

- Não precisa, obrigada.

- Mas não vou deixar você ir sozinha pra casa a essa hora!

- Não se preocupe – disse Luciana, indo em direção a Miguel, que tinha saído do prédio – essa noite eu não estarei sozinha.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Vinhos e Martini - parte 1

Acordou. E antes que pudesse perceber quem era ela própria, percebeu quem era a pessoa que dormia ao seu lado. Percebeu que estavam nus e que ela estava com uma dor de cabeça filha-da-puta. Percebeu que, ao mesmo tempo que seu peito inflava de paixão por aquele homem, se enchia de orgulho por ele ter sido seu naquela noite. Também sentia medo, pelo que poderia acontecer no futuro.

Ainda estava pensando nas consequências que poderiam causar quando aquele par de olhos azuis se abriu para ela e sorriu. Levantou, ajeitando os cabelos negros e lhe desejou bom dia, dando-lhe um beijo que a deixava com muitas borboletas na barriga. Sempre que ele a beijava, ela se sentia assim, desde que tinham 11 anos.

Então ela se lembrou do motivo deles nao poderem ficar juntos.


- Como você consegue ficar tão calmo?

Ele se jogou de volta na cama, tampou o rosto com o travesseiro.

- O que exatamente a gente bebeu? Parece que estão martelando na minha cabeça.

- Pelas garrafas no chão parece que foram três garrafas de vinho - Ela levantou até a mesinha que ficava encostada na parede - e a de Martini também está vazia.

-humpf...

Ela tinha plena consciência do que estava fazendo quando começaram a tirar a roupa na noite anterior, não poderia dar a desculpa da bebida. Pelo menos não para si mesma, para os outros, se fosse necessário.

- O que vamos fazer agora, Lu?
- Nao sei, Alex.

Então ela deitou ao seu lado e fechou os olhos. Tentou aproveitar cada segundo, cada minuto em que ele estaria ao seu lado. Mas a aproximação da hora em que ela seria arrancada de seus braços se aproximava e a incomodava bastante. Por isso, agora, fazendo sem o efeito do alcóol, ela sentia com muito mais intensidade. Ele demonstrava tudo que sentia por ela em cada beijo, cada toque, cada sussurro em seu ouvido. E ela captava todo o sentimento dele perfeitamente bem. E correspondia, criando um ciclo. Um vínculo que ela nunca teve com outro homem. Era só ele. Só ele a fazia se sentir assim.

Isso a enlouquecia. De paixão e de ódio. Tudo que ela evitava demonstrar para o mundo ele arrancava dela, deixava à flor da pele. Desde sempre foi assim, dando tempo para que ela pudesse criar e fortalecer uma máscara que cobria suas verdadeiras intenções. Uma máscara que só ele era capaz de tirar.

Quando voltava para sua casa naquela tarde, Luciana não conseguia segurar suas lágrimas de jeito nenhum.