quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Vinhos e Martini - parte 2

Lu não aguentava mais aquele cheiro. Flores! Estava ficando sufocada. Mesmo sabendo que não era muito educado, estava jogando algumas fora.

“Eu não gosto de rosas, porra! Quantas vezes eu não disse a ele que margaridas eram minhas preferidas? Rosas são muito... enjoativas”

Então ela lembrou de Carol e de como ela e Alex se comportavam quando estavam juntos. Segurando a vontade de vomitar com essa cena na cabeça, jogou fora todas as rosas restantes. Como alguém podia agüentar tanta viadagem mela-cueca? Tanta água-com-açúcar? Amorzinho pra cá, Bebezinho para lá... se alguém se atrevesse a falar assim com ela, ela defenestraria essa pessoa, e sim, Luciana morava no 9º andar.

“É por isso que ele corre atrás de mim desse jeito? Para simplesmente fugir desse mundinho cor-de-rosa por uma noite ou duas?”

Ficou surpresa quando esse pensamento não lhe trouxe nenhuma raiva, mágoa ou lágrimas. No inicio, era só pensar na situação em que tinha se metido que desabava em prantos.

Já se passavam oito meses desde que começou a ter esse caso com Alex. Lembrando de tudo o que passaram juntos, Luciana caiu na certeza que sempre a assombrava. A certeza de que um não era completamente do outro, e de que nunca seriam, já que Alex já pertencia à outra pessoa. E isso era muito injusto.

Luciana se pegou olhando para a única pétala de rosa que havia sobrado do mar de flores que Alex havia lhe mandado. Porque era ela que sempre tinha ficado sozinha nas festas, ia sozinha ao cinema, ia sozinha pagar as contas no banco. Porque o cara que amava não estava lá com ela, e ela própria não se dava a oportunidade de estar com outro.

Não que ela não tivesse tentado estar com outros, mas a mínima possibilidade de estar com Alex já fazia Luciana chutar a bunda de quem estivesse ao seu lado.
Sabendo que isso era uma tremenda filha-da-putice, ela se deixava estar sozinha. E tinha se acostumado com isso.

Deixando a pétala de rosa em cima da mesa, pegou a carta que tinha recebido naquela manhã.

Então Luciana percebeu o quanto ela era idiota.



Luciana até que estava curtindo a festa. As pessoas com quem tinham se enturmado eram fantásticas. E ainda tinha aquele cara que não parava de prestar atenção nela, praticamente engolindo todas as coisas que ela falava. Era um puta gato. Não ficava falando besteiras para impressionar ninguém e era super bem-humorado. Alem de todo aquele charme de “não vou beber porque estou de carro”. Luciana descobriu que por acaso estudaram no mesmo colégio no ensino médio, sendo que ele era uns dois anos mais velho, e que ele agora dava aulas de matemática lá. Ele se chamava Miguel.

Luciana estava tão feliz e distraída que não percebeu o puxão e que agora estava de frente para Carol.

- Não bastou roubar meu namorado e precisava vir aqui pra jogar isso na minha cara?

- Na verdade, quem veio aqui, foi você. A festa é da minha irmã.

- Então você assume o que você fez, não é, sua vaca?!

Alex tinha aparecido e tentava puxar Carol para longe.

- Olha o barraco, Carol, vamos conversar sobre isso lá fora...

- Eu quero falar aqui mesmo! Gritar pra todo mundo ouvir o quanto essa vaca aqui na minha frente é uma vadia!

Luciana ficou chocada ao perceber que Carol tinha descoberto tudo, mas pareceu esconder seu choque muito bem. Percebendo que Lu não ia se pronunciar, a raiva de Carol aumentou e deu-lhe um tapa. Alex a segurou logo depois, impedindo a garota de continuar.

- Uma piranha! É isso que você é! Ladra de Namorados! Fura-olho! Vaca! Vadia! ME SOLTA ALEX! Eu vou acabar com ela. E depois acabar com você! Assim como você acabou comigo!!

Então Carol começou a chorar. Perdeu as forças e cairia no chão, se Alex não a estivesse segurando.

- Por que, Alex? Por que você fez isso comigo? – disse Carol entre soluços e olhando para ele com as bochechas encharcadas de lágrimas.

Luciana se ajoelhou e olhou nos olhos de Carol, que revidou o olhar com toda a raiva e desprezo que conseguira reunir em seu mar de tristeza.

- Você tem razão, eu sou tudo isso aí de que você me chamou. Você está certa.

Percebendo a confusão de Carol, Luciana levantou e foi embora da festa.

- Luciana!

Ela virou e viu que Alex a tinha seguido até a rua.

- Luciana... eu terminei com a Carol.

- É, eu percebi. – Luciana virou e continuou andando, fazendo um sinal pro táxi, que passou direto. Ela xingou sem rodeios a mãe do motorista.

- Luciana, me desculpe por...

- Olha Alex, não é a mim que você deve desculpas, é a ela. – apontou para o apartamento em que se podia ouvir a música tocando. – ela tem todo o direito de ter feito o que fez. Nós é que não tivemos o direito de ter feito o que fizemos.

- Mas Lu...

- O que? – Luciana já estava de saco cheio daquilo e o tapa que tinha levado estava realmente doendo.

- Luciana, eu te amo!

- Eu também te amo, Alex.

- Então por que tudo dá sempre errado? Por que não podemos ser felizes juntos?

- Por que, quando um de nós está amando perdidamente o outro, o outro está amando perdidamente a si próprio. Você já teve o seu momento egoísta, Alex. E agora eu estou prestes a ter o meu. Recebi a confirmação da bolsa que ganhei para fazer meu mestrado no Canadá. Estarei me mudando no fim do mês.

Seguiu-se um silêncio. Luciana percebeu a ficha de Alex caindo lentamente, enquanto ele arregalava os olhos e processava tudo que estava e ia acontecer.

- C-Canadá? Fim do mês? Você vai ficar quanto tempo lá?!

- 4 anos.

- 4 anos?! Luciana... isso é muito tempo! Você não pode fazer isso! Não pode me deixar!

- Eu posso sim, Alex. E vou. Nós dois precisamos desse tempo pra aprender o que realmente importa, para que possamos ficar juntos novamente.

- o que?! O que está dizendo, Luciana?!

- ... Não sei direito, eu li num livro uma vez e então sempre quis falar isso.

- Luciana! Isso é sério!

Luciana sorriu e então fez sinal para outro táxi, que também não parou. O que estava acontecendo? Por que não conseguia sair dali o mais depressa possível? Por que não aparecia ninguém para ajudar? Olhando para o prédio em que estava acontecendo a festa, viu que alguém tinha atendido ao seu pedido.

Alex percebeu a dificuldade de Luciana em conseguir arranjar um táxi.

- Você quer que eu te leve? Estou de moto.

- Não precisa, obrigada.

- Mas não vou deixar você ir sozinha pra casa a essa hora!

- Não se preocupe – disse Luciana, indo em direção a Miguel, que tinha saído do prédio – essa noite eu não estarei sozinha.

4 comentários:

Thuthu disse...

defenestraria
o q seria isso??
depois eu q uso palavras estranhas XD
obs.: tá ótimo o texto ^^

Vivi Ichihara disse...

ouuuuuuch!
K.O. master!
senti a dor do Alex aqui no meu peito!
mas não culpo a Lu, faz bem ter os nossos momentos egoístas de vez em quando!
e era a hora perfeita pra ela ter o dela!
eu gosto da Lu! ela tem atitude! =D
quando eu crescer, quero ser que nem ela! xD

adorei a continuação!
e já to ansiosa pelo próximo capítulo! *-*

Grasy Ricci disse...

tah ficando legal pra caramba! proximo! proximo \o/

The Writer disse...

Pra quem disse que não ia ter parte 2 essa aí tá bem grandinha hein. E tá legal essa história, parabéns! Seria a Lu uma das Quebradeiras? auhauhauhauha XD